quarta-feira, 14 de março de 2012

Fisiologia do Exercício Parte 3

Efeitos Fisiológicos do Treinamento

EFEITOS FISIOLÓGICOS DO TREINAMENTO DAS ATIVIDADES EM ACADEMIA:

TIPOS DE ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS:

 Adaptações Metabólicas:

 Aumento da capacidade do sistema oxidativo das células musculares, especialmente das de contração lenta. 

 Redução da produção de lactato durante a realização de esforços físicos a uma dada intensidade. 

 Potencialização da utilização dos ácido graxo livre (AGL) como substrato energético na realização dos esforços físicos a uma determinada intensidade, permitindo poupar o glicogênio muscular. 

 Aumento da atividade metabólica geral, tanto durante a realização dos esforços físicos quanto em condições de repouso. 

 Aumento da sensibilidade à insulina a aceleração do metabolismo das lipoproteínas no plasma, reduzindo os níveis de triglicerídeos e, em menor grau, do colesterol ligado às lipoproteínas de baixa e de muito baixa densidade. 

 Eliminação do excesso de reserva adiposa, além do favorecimento de distribuição de gordura corporal que venha a favorecer a um padrão mais saudável. 

 Adaptações Cardiorrespiratórias: 

 Melhora o rendimento do coração ao produzir as necessidades energéticas do miocárdio mediante a redução da freqüência cardíaca e da pressão sangüínea. 

 Incrementa o débito cardíaco à custa de maior volume sistólico e de diminuição da freqüência cardíaca. 

 Aumenta a diferença artério-venosa de oxigênio, como resultado da distribuição mais eficiente do fluxo sangüíneo para os tecidos ativos e da maior capacidade desses tecidos em extrair e utilizar o oxigênio. 

 Eleva a taxa total de hemoglobina e beneficia a dinâmica circulatória, o que facilita a capacidade de fornecimento de oxigênio aos tecidos. 

 Favorece o retorno venoso e evita o represamento do sangue nas extremidades do corpo. 

 Aumenta a ventilação pulmonar mediante ganho no volume-minuto e na redução da freqüência respiratória. 

 Adaptações Músculo-ósteo-articulares: 

 Aumenta o número e a densidade dos capilares sangüíneos dos músculos esqueléticos, oferecendo ainda maior incremento em seus diâmetros durante a realização dos esforços físicos. 

 Eleva o conteúdo de mioglobina dos músculos esqueléticos e aumenta a quantidade de oxigênio dentro da célula, o que facilita a difusão do oxigênio para as mitocôndrias. 

 Melhora a estrutura e as funções dos ligamentos, dos tendões e das articulações. 

(BLAIR et alii,1994 ; BOUCHARD et alli,1994 ; YAZBEK & BATTISTELLA,1994 ; citado por GUEDES,1995).

 Efeitos Psicológicos e Sociais:

 Melhora a capacidade de trabalho. 

 Melhora a imagem de si próprio. 

 Redução da ansiedade e depressão. 

 Melhora sensação de bem-estar. 

 Melhora apetite e o ritmo de sono. 

 ALTERAÇÕES NO SISTEMA ANAERÓBIO: 

 Aumentos nos níveis dos substratos anaeróbios em repouso. 

 Aumentos na quantidade e na atividade das enzimas-chave que controlam a fase anaeróbia do fracionamento da glicose. 

 Aumentos na capacidade para suportar os níveis de ácido láctico sangüíneo durante o exercício máximo (explosivo) após treinamento anaeróbio. Devido aos maiores níveis de glicogênio e das enzimas glicolíticas.

 Fatores que Influenciam no Treinamento


 Fatores Influenciadores do Treinamento:

 Aptidão Inicial: 

Uma vez determinadas, com exatidão, as qualidades físicas da atividade proposta, o professor deverá escolher os testes que lhe permitirão aferir com precisão o estado inicial do aluno. 

Com um trabalho geral, podem ser esperadas melhoras de 5 a 25% na aptidão aeróbia. Essas melhoras são observadas no transcorrer das três primeiras semanas de treinamento. 
 

Classificação da Atividades Física em Termos de Intensidade do Exercício

Homens

Consumo de Energia

NívelKcal. min -1L.min-1ml.(kg.min.)-1METs
Ligeiro2,0 - 4,90,40 - 0,996,1 - 15,21,6 - 3,9
Moderado5,0 - 7,41,00 - 1,4915,3 - 22,94,0 - 5,9
Intenso7,5 - 9,91,50 - 1,9923,0 - 30,66,0 - 7,9
Muito Intenso10,0 - 12,42,00 - 2,4930,7 - 38,38,0 - 9,9
Supra Intenso12,52,5038,410,0

MulheresConsumo de Energia
NívelKcal. min. -1L. min-1ml.(Kg.min)-1METs
Ligeiro1,5 - 3,40,30 - 0,695,4 - 12,51,2 - 2,7
Moderado3,5 - 5,40,70 - 1,0912,6 - 19,82,8 - 4,3
Intenso5,5 - 7,41,10 - 1,4919,9 - 27,14,4 - 5,9
Muito Intenso7,5 - 9,41,50 - 1,8927,2 - 34,46,0 - 7,5
Supra Intenso9,51,9034,57,6

Fonte:(McARDLE,1991:107)


 Intensidade:

As alterações fisiológicas induzidas pelo treinamento dependem essencialmente da intensidade da sobrecarga (McARDLE,1992:281).

ZONA ALVO (AERÓBIO)

Limite inferior60% FCmáx ou 50% VO2máx
Limite superior90% FCmáx ou 85% VO2máx

O efeito do treinamento anaeróbio é obtido em níveis mais elevados, a partir do limiar anaeróbio, determinado pelos níveis de ácido lático sangüíneo, pela ventilação minuto, ou estimado por testes de campo. 

A intensidade do exercício reflete tanto o custo calórico do trabalho quanto os sistemas energéticos específicos ativados. A intensidade pode ser aplicada em bases absolutas ou relativas.

 Absoluta: Aula de ginástica aeróbica; mesmo trabalho, mesmo ritmo e com a mesma duração.

 Relativa: A intensidade costuma ser especificada na forma de algum percentual da função máxima como, por exemplo, VO2 máx., FC máx ou capacidade máxima de trabalho (METs).

 Duração:

A melhora na capacidade aeróbia está diretamente relacionada à duração de cada sessão de treinamento. 

A quantidade de trabalho cardiopulmonar será, via de regra, superior ao trabalho neuromuscular. Dependerá, da qualidade física a ser trabalhada e do método de treinamento escolhido.

 Freqüência do Treinamento:

Os programas típicos de treinamento são executados 3 dias por semana, com um dia de repouso entre 2 dias de sessões.

Treinar menos de 2 dias por semana em geral não produz alterações adequadas, seja na capacidade aeróbia ou anaeróbia, seja na composição corporal.

Para conseguir uma redução ponderal significativa através do exercício, recomenda-se que cada sessão dure pelo menos 20 a 30 minutos e que seja de intensidade suficiente para gastar cerca de 300 kcal.

 Recomendações: (DANTAS,1994:132)

 Velocidade e/ou resistência anaeróbia 3 vezes por semana 
 Resistência aeróbia 3 a 5 vezes por semana. 
 Programas de emagrecimento 6 vezes por semana. 

 Idade e Sexo:

A capacidade de resistência aeróbia aumenta com a idade até o meio ou final da terceira década de vida. A força e a resistência muscular, bem como a resistência cardiovascular seguem padrões semelhantes de desenvolvimento.

As mulheres tendem a alcançar seu pico de atividade muito mais cedo,ou seja, logo depois da puberdade. Os homens já tendem a manter seu desempenho máximo até os 30 anos. Já as mulheres entram em sua fase de declínio logo após atingirem seu desempenho máximo. Até a puberdade, não existem diferenças essenciais entre homens e mulheres, no que diz respeito a praticamente todos os aspectos relacionados às atividades físicas.

Mensuração das Capacidades Energéticas

 Mensuração das Capacidades Energéticas

 Consumo de Energia em Repouso - Taxa Metabólica Basal (TMB)

Existe um nível mínimo de energia necessária para manter as funções vitais do organismo no estado de vigília. Essa necessidade de energia recebe o nome de taxa metabólica basal (TMB).

A utilização da TMB estabelece as importantes bases energéticas para montar um programa de controle ponderal através da dieta, exercício ou de uma combinação efetiva de ambos (McARDLE, 1991:103).

 Estimativa do gasto energético diário em repouso

Para estimar o gasto energético em repouso de uma pessoa, o valor apropriado da TMB , deve ser multiplicado pela área superficial, computada a partir da estatura e do peso.

 Fatores que afetam o consumo de energia: 

 Atividade física 
 Termogênese de indução dietética 
 Clima 
 Gestação 
 Lactação 


 Gasto Energético na Atividade Física 

Foram propostos vários sistemas de classificação para estimar a dificuldade da atividade física sustentada em termos de sua intensidade.

 O trabalho moderado para homens é aquele que dá origem a um consumo de oxigênio até três vezes maior que a demanda em repouso. 
 O trabalho pesado é classificado como aquele que requer seis a oito vezes o metabolismo de repouso, 
 O trabalho máximo é considerado como qualquer tarefa acima de nove vezes do nível de repouso.

 NOTAS:
- A massa corporal é um fator importante que afeta a energia despendida em muitas formas de exercícios; 

- O gasto energético diário médio é estimado como sendo de 2.700 a 3.000 kcal para homens e de 2000 a 2100 para mulheres entre 15 e 50 anos de idade. 

 Equilíbrio Energético 

A quilocaloria (Kcal) é a unidade de medida utilizada na mensuração do consumo e da demanda energética.

O consumo energético é traduzido pelo equivalente calórico dos nutrientes que compõem a dieta, ao passo que a energia envolvida com o metabolismo basal e com o metabolismo voluntário corresponde à demanda energética.

Essa relação de consumo e demanda de energia é o que se denomina de equilíbrio energético (Guedes, 1995:105). 

 Equilíbrio Isoenergético

CONSUMO ENERGÉTICO=DEMANDA ENERGÉTICA


 Equilíbrio Energético Positivo 

CONSUMO ENERGÉTICO>DEMANDA ENERGÉTICA

 Equilíbrio Energético Negativo

CONSUMO ENERGÉTICO<DEMANDA ENERGÉTICA

 NOTAS:
- Para que ocorra perda gradual de peso corporal sem maiores conseqüências negativas ao melhor estado de saúde, o equilíbrio energético negativo à custa da interação dieta e exercícios físicos não deverá exceder a 500-1000 Kcal/dia. 
- A demanda energética por sessão de treino, deverá ficar entre 300-500 Kcal.

 Protocolos 

 Testes para medir a potência Anaeróbia Alática (Sistema ATP-CP Velocidade) 

1. Corrida de 50 metros (Johnson & Nelson,1979Objetivo: medir a velocidade de deslocamento.
clique aqui para ver a tabela de classificação para a corrida de 50 metros 

2. Corrida de 6 segundos (Johnson & Nelson,1979

3. Shuttle Run de velocidade (Eurofit, 1988) - dados: 5 m , cinco ciclos , cones.

 Força Explosiva 

1. Salto vertical (Johnson & Nelson, 1979) - Objetivo: medir a potência dos membros inferiores no plano vertical. 
Equipamento: superfície lisa, de três metros de altura, graduada de 2 em 2 centímetros e pó de giz. 
Resultado: Subtrai-se a marca mais alta do salto da mais baixa.(3 tentativas)

2. Salto Horizontal (Johnson & Nelson, 1979) - Objetivo: medir a potência dos membros inferiores no plano horizontal. 
Equipamento: fita adesiva, para assinalar a linha de partida e trena.

3. Arremesso de Medicinebol (Johnson & Nelson,1979- Objetivo: medir a força explosiva dos membros superiores e cintura escapular. 
Equipamento: uma bola medicinal de 3 quilos, cadeira, fita adesiva, corda e trena.

 Testes para medir a potência Anaeróbia Lática. 

(ATP-CP + àcido lático) 

 Resistência Anaeróbia 

1. Teste de corrida de 40 segundos (Matsudo, 1979) - Objetivo: determinar indiretamente, a capacidade de resistência anaeróbia lática. 
Equipamento: demarcação, metro a metro, de uma pista de atletismo a partir dos 150m até os 350 metros.

2. Teste de 300 (RÚSSIA) 

3. Corrida de 400m (F) e 600m (M)

4. Teste de Wingate - Consiste em 30 segundos de exercício supermáximo, realizado em um cicloergômetro.

5. Teste de potência dos degraus - Consiste em subir uma escada o mais rápido possível, pulando três degraus de cada vez. 

 Força de Resistência 

1. Força abdominal - Objetivo: medir a resistência da musculatura abdominal por meio da flexão do tronco. 
Tempo: 60 segundos. 

Resultado: número de repetições.

 Testes para medir a potência Aeróbia Máxima:

COMO AVALIAR O VO2máx?

 INSTRUMENTOS:

- Esteira rolante, bicicleta ergométrica, pista de atletismo, degraus etc...

- Medição direta

- Medição indireta

- Máximo

- Submáximo.

 PROTOCOLOS:

 ESTEIRA ROLANTE 

 Protocolo de BRUCE - Ë o mais conhecido e utilizado em nosso meio. Consiste na aplicação de cargas progressivas a cada três minutos de forma contínua.

O VO2 máx é estimado por:
Homens
VO2máx ml.(kg.min)-¹ = 8,33 + (2,94 x T) 

Mulheres
VO2máx ml.(kg.min)-¹ = 8,05 + (2,74 x T) 

T = Tempo em minutos

 Protocolo de ELLESTAD 

O VO2 máx é estimado por: 

VO2 máx ml (kg.min.) - ¹= 4,46 + (3,933 x tempo total em min.)


 TESTES DE CAMPO (Em pista ou rua) 

 Teste de 12 minutos - (Cooper, 1970; Ashperd, 1981) - Consiste em correr a maior distância possível em 12 minutos. O teste deve ser realizado em superfície plana. 

O VO­2máx é estimado por: 
VO2máx (ml.kg.min) = D - 504/45
D = Distância em metros

 Teste de Balke (15 minutos) 

O VO2máx é estimado por: 
VO2máx (ml.kg.min) = 33 + 0,17 (D - 1955)/15 
D = Distância em metros

 Teste dos 3200m (Dr. Art Weltman, 1989) - É normalmente o mais utilizado por atletas fundistas. Existe uma correlação deste teste com o Limiar anaeróbio. 

O VO2máx é estimado por: 
VO2máx (ml.kg.min) = 118,4 - 4,774 (T) 
T = tempo em minutos e fração decimal dos 3200m.


 Teste de corrida de 2.400m (Cooper) - Metodologia: determinar o tempo gasto para a execução do teste. 
Para se obter o escore final em uma unidade metabólica, pode-se encontrar o resultado pela fórmula proposta pelo American College Sport Medicine (Vivacqua & Hespanha ,1992). 

VO2máx ml (kg.min)-¹ = (D x 60 x 0,2) + 3,5 ml (kg.min)-¹ 
Duração em segundos

 Teste de caminhada de 1 milha (MCARDLE,1991: 143- População Alvo: indivíduos de baixa aptidão Física [ VO2máx inferior a 30 ml(kg.min)-¹ ]. 
Metodologia: peso corporal e idade. 
Aplicação: caminhada de 1600m com o tempo cronometrado. A freqüência cardíaca em bpm deve ser acompanhada no final dos últimos 400m. 

A equação para VO2máx enunciada em ml. (kg.min.)-¹ é: 
VO2máx = 132,853 - (0,0769 x PC x 2,2) - (0,3877 x Idade) + (6,315 x Sexo) - (3,2649 x T) - (0,1565 x FC)
S = 1 (masc.) ou 0 (fem)

 TESTE DE BANCO ou DEGRAU

É o mais simples de ser utilizado, tornando de certa forma, muito útil sua aplicação em escolas, clubes e academias. Podendo ser constituído de um ou dois degraus. A altura do banco varia conforme o protocolo escolhido, encontrando-se valores entre 4 a 52 cm (MARINS,1996:12)

 VANTAGENS: 
baixo custo 
facilidade de transporte 
não necessita de calibragem

O metrônomo é um acessório importante, durante a realização dos testes, para determinar o ritmo ideal de execução do avaliado.

 Protocolo do Quens College (MCARDLE e Col.,1981

 Teste Submáximo

A altura do banco é fixada em 41 cm. Para mulheres a cadência de subida é fixada no metrônomo em 88 toques por minuto (22 subidas) e para os homens, 96 toques por minutos (24 subidas). O teste tem a duração de 3 minutos. A FC é tomada no quinto segundo após o término do teste até o vigésimo segundo. O valor obtido é multiplicado por quatro para obtermos o valor por minuto. 

Homens: VO2máx ml. (kg.min)-¹ = 111,33 - (0,42 x FC) 
Mulheres: VO2máx ml. (kg.min)-¹ = 65,81 - (0,1847 x FC)


 CICLOERGÔMETRO 

Protocolo de Astrand (Submáximo) 

metodologia: escolha uma carga inicial de trabalho que varia de acordo com o sexo. Para o sexo masculino a carga deve variar entre 100 a 150 Watts e para mulheres entre 50 a 100 Watts. O avaliado deverá pedalar durante 5 minutos; registra-se a FC do 4º e 5º minutos, e se obtém o valor médio. A FC de carga deverá estar entre 120 e 170 bpm e , preferencialmente acima de 140 para os jovens (Araújo, 1984). 

Cálculo do VO2máx (l.min-¹) : 
Homens
VO2máx = (195 - 61/ FC - 61) x VO2 carga
Mulheres
VO2máx = (198 - 72 /FC-72) x VO2 carga 

onde: 

FC = média da freqüência cardíaca obtida no quarto e quinto minutos da carga. 
VO2 carga = consumo de oxigênio necessário para pedalar uma dada carga. Pode ser obtido pela seguinte equação: 

VO2 carga l.min-¹ = 0,014 x carga (Watts) + 0,129 

Obs.: Caso duas cargas sejam utilizadas, deve-se calcular o VO2máx para as duas, obtendo-se a média entre os resultados. Caso o indivíduo tenha uma idade superior a 35 anos, é necessário a aplicação de um fator de correção conforme a tabela abaixo: 

VO2máx = VO2máx calculado x fator idade

 Protocolo de Balke - Metodologia: São empregados estágios múltiplos aumentando a carga de 2 em 2 minutos, com magnitude de 25 Watts caso o indivíduo não seja atleta e 50 Watts caso o indivíduo seja atleta ou bem condicionado. 
É necessário a verificação do peso corporal do avaliado antes da realização do teste, bem como da última carga completada pelo indivíduo em Watts.

 Considerações finais: 

- O consumo máximo de oxigênio das mulheres é geralmente inferior ao dos homens. 23% inferior na média geral da população, e de 10,8% inferior entre grandes atletas. (Moreira,1996:114). 

- O VO2máx não é um parâmetro fisiológico e metabólico estático. Ele pode ser modificado pelo treinamento físico.

 Custo Energético Dos Exercícios 

 

 CUSTO ENERGÉTICO DOS EXERCÍCIOS


 Caminhada 

A estimativa da energia consumida durante uma caminhada deverá ser desenvolvida em razão da velocidade empregada, da distância percorrida e do peso corporal do indivíduo.

A uma velocidade entre 50 a 100 metros por minuto, ou, de 3 a 6 km/h, deverá ocorrer demanda energética por volta de 0,6 kcal a cada quilômetro percorrido por quilograma de peso corporal (Di Prampero,1986; Webb et alii,1988; citado por Guedes,1995:113). Logo, matematicamente, haverá a seguinte equação:

 Custo Energético da caminhada = 0,6 kcal x Distância km x PC kg 

Ex.: PC = 80kg 
D = 8 km 

 Custo Energético = 0,6 kcal x 8 km x 80 kg = 384 kcal 

A princípio, em velocidades mais baixas, a demanda energética envolvida com a caminhada é menor que com a corrida; entretanto, próximo de 8 km/h a demanda energética da corrida e da caminhada deverá ser bastante semelhante. Acima dessa velocidade, o custo energético da caminhada excede ao da corrida (Thomas & Londeree, 1989). 

 Corrida 

Em velocidades compreendidas entre 8-21 km/h, ou quando o consumo de oxigênio oscila entre 20-80% da capacidade funcional máxima do indivíduo, o custo energético da corrida pode apresentar uma função linear em relação à sua velocidade de execução. 

Admitindo-se que o equivalente energético para correr 1 metro/minuto, em um plano horizontal, é de 0,2 ml.(kg.min)-¹, acima do nível de repouso de 3,5 ml de 02 (Bransford & Howley,1977; citado por Guedes,1995:114), ao multiplicar a velocidade de corrida, em metros/min., por 0,2, e adicionar o valor de repouso, obter-se-á o custo de oxigênio da corrida expresso em relação ao peso corporal do indivíduo: 

 VO2 = 0,2 ml.(kg.min)-¹ x Velocidade m/min + 3,5 ml.(kg.min)-¹ 

Exemplo: 

D = 5.000m 

T = 35 minutos 

Vel. m/min = 5.000m / 35 min = 143 m/min 

VO2 = 0,2 ml.(kg.min)-¹ x 143 m/min + 3,5 ml.(kg.min)-¹ = 32,1 ml.(kg.min)-¹

O oxigênio consumido, expresso em litros, corresponde a 5 kcal de energia. 

 1 L = 5 kcal 

Assim, ao corrigir o custo de oxigênio pelo peso corporal e pelo tempo de duração da corrida, ajustando-se as unidades de medida se terá a demanda total da atividade. 

Exemplo: 

PC = 80 kg 

32,1 ml.(kg.min)-¹ x 80 kg 
= 2.568 ml/min 

2.568 ml/min : 1000 ml
= 2,56 l/min 

2,56 l/min x 35 min
= 89,6 l 

89,6 l x 5 kcal 
= 449,4 kcal 

 Ciclismo

Tanto na caminhada com na corrida torna-se necessário carregar o próprio peso corporal; logo, o custo energético dessas atividades deverá ser proporcional ao peso corporal apresentado pelo indivíduo. Contudo, na bicicleta ergométrica, o peso corporal é sustentado pelo selim da bicicleta, e o trabalho físico é determinado pela interação entre a resistência de frenagem estabelecida nas rotações dos pedais e a freqüência das pedaladas. 

Existem quatro tipos de bicicletas ergométricas no mercado nacional, que apresentam as seguintes características: 

 Bicicleta com frenagem elétrica - A graduação de carga varia de 0 a 500 Watts. 

 Bicicleta com frenagem mecânica com resistência de pesos - Varia de 1 a 7 kg.

 Bicicleta com frenagem mecânica com resistência do ar - Uma roda de bicicleta, com aros em forma de pás, que oferecem uma resistência ao ar progressivamente maior, conforme a força de pedalagem e o ângulo de localização.

 Bicicleta com frenagem iônica - Seu mecanismo de funcionamento baseia-se na relação iônica de dois imãs.

Nas bicicletas de frenagem mecânica, onde a resistência do sistema é gerada por fricção, a tensão dos pedais é medida em quilogramas e a roda dianteira movimenta-se 6 metros a cada rotação dos pedais. 

O trabalho físico deverá ser expresso em quilogrâmetros por minuto - kgm/min. 

Ex.: 50 rpm x 1kg x 6 m = 300 kgm/min 

Ex.: 50 rpm x 3kg x 6 m = 900 kgm/min 

Nos modelos de frenagem elétrica a resistência dos pedais é oferecida por um sistema de frenagem provocado por um campo eletromagnético. É expresso em Watts, e a freqüência de pedaladas deverá permanecer mais ou menos constante entre 50 e 60 rpm.

1 watts = 6,12 kgm 

O volume de O2 consumido numa atividade de bicicleta estacionária pode ser expresso pela equação: 

VO2(ml/min) = Trabalho Físico (kgm/min) x 2,0 ml O2/kgm + 300 ml/min. 

 Natação 

A demanda energética na natação, a princípio, depende da duração e da velocidade do nado e do estilo empregado; porém, a habilidade com que o indivíduo consegue nadar é fundamental. 

Em comparação com as atividades físicas não-aquáticas, a natação é um exercício físico de maior demanda energética. 

O custo energético para nadar determinada distância pode ser cerca de 4 vezes maior do que para correr a mesma distância (Mcardle et alli,1992). 

As mulheres são 30% mais econômicas quanto ao dispêndio energético nas atividades de natação do que os homens devido à maior quantidade de gordura, que facilita a flutuabilidade do corpo na posição horizontal (Holmer,1979; citado por Guedes,1995).

Equação para Estimativa da Demanda Energética na Prática da Natação (Di Prampero,1986): 

Mulheres 

 Demanda Energética (kcal) = 0,151 x SC (m²) x Distância (m) 

Homens 

 Demanda Energética (kcal) = 0,210 x SC (m²) x Distância (m) .

 Aeróbica 

A demanda Energética na ginástica aeróbica é estimada em torno de 0,130 kcal por quilograma de peso corporal a cada minuto (Ignabugo & Gutin,1978; Léger,1982; Nelson et alii,1988; Parker et alli,1989). 

Demanda Energética = massa corporal kg x tempo(min) x 0,13 kcal = kcal

 Hidroginástica 

Demanda Energética = 0,070 kcal por quilograma de peso corporal a cada minuto. 

 Demanda Energética = massa corporal kg x tempo(min) x 0,070 kcal = kcal

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