terça-feira, 27 de março de 2012

SISTEMA ESQUELÉTICO

SISTEMA DE SUSTENTAÇÃO

SISTEMA ESQUELÉTICO

Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997.

Além de dar sustentação ao corpo, o esqueleto protege os órgãos internos e fornece pontos de apoio para a fixação dos músculos. Ele constitui-se de peças ósseas (ao todo 208 ossos no indivíduo adulto) e cartilaginosas articuladas, que formam um sistema de alavancas movimentadas pelos músculos.

O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes:

1-Esqueleto axial: formado pela caixa craniana, coluna vertebral caixa torácica.

2-Esqueleto apendicular: compreende a cintura escapular, formada pelas escápulas e clavículas; cintura pélvica, formada pelos ossos ilíacos (da bacia) e o esqueleto dos membros (superiores ou anteriores e inferiores ou posteriores).

1-Esqueleto axial

1.1-Caixa craniana

Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital, esfenóide, nasal, lacrimais, malares ("maçãs do rosto" ou zigomático), maxilar superior e mandíbula (maxilar inferior).

Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997.

Observações:

Primeiro - no osso esfenóide existe uma depressão denominada de sela turca onde se encontra uma das menores e mais importantes glândulas do corpo humano - a hipófise, no centro geométrico do crânio. 

Segundo - Fontanela ou moleira é o nome dado à região alta e mediana, da cabeça da criança, que facilita a passagem da mesma no canal do parto; após o nascimento, será substituída por osso.

1.2-Coluna vertebral

É uma coluna de vértebras que apresentam cada uma um buraco, que se sobrepõem constituindo um canal que aloja a medula nervosa ou espinhal; é dividida em regiões típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna torácica, coluna lombar, coluna sacral, coluna cocciciana (coccix).

1.3-Caixa torácica

É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas, que são em número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se reúnem e depois se unem ao esterno), e 2 flutuantes (com extremidades anteriores livres, não se fixando ao esterno).

2- Esqueleto apendicular

2-1- Membros e cinturas articulares

Cada membro superior é composto de braço, antebraço, pulso e mão. O osso do braço – úmero – articula-se no cotovelo com os ossos do antebraço: rádio e ulna. O pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da mão é formada pelosmetacarpos e os dedos, pelas falanges.

Cada membro inferior compõe-se de coxa, perna, tornozelo e pé. O osso da coxa é o fêmur, o mais longo do corpo. No joelho, ele se articula com os dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula. A região frontal do joelho está protegida por um pequeno osso circular: arótula. Ossos pequenos e maciços, chamados tarsos, formam o tornozelo. A planta do pé é constituída pelos metatarsos e os dedos dos pés (artelhos), pelas falanges.

Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o nome de cintura ou de cinta. A cintura superior se chama cintura torácica ou escapular (formada pela clavícula e pela escápula ou omoplata); a inferior se chama cintura pélvica, popularmente conhecida como bacia (constituída pelo sacro - osso volumoso resultante da fusão de cinco vértebras, por um par deossos ilíacos e pelo cóccix, formado por quatro a seis vértebras rudimentares fundidas). A primeira sustenta o úmero e com ele todo o braço; a segunda dá apoio ao fêmur e a toda a perna.

  

Juntas e articulações

Junta é o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras juntas, denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto realizar movimentos.

Ligamentos

Os ossos de uma articulação mantêm-se no lugar por meio dos ligamentos, cordões resistentes constituídos por tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão firmemente unidos às membranas que revestem os ossos.

Classificação dos ossos

Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em: 

A - Longos: têm duas extremidades ou epífises; o corpo do osso é a diáfise; entre a diáfise e cada epífise fica a metáfise. A diáfise é formada por tecido ósseo compacto, enquanto a epífise e a metáfise, por tecido ósseo esponjoso.  Exemplos: fêmur, úmero. 

Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997, com adaptações

B- Curtos: têm as três extremidades praticamente equivalentes e são encontrados nas mãos e nos pés. São constituídos por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: calcâneo, tarsos, carpos. 

C - Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de tecido ósseo compacto, tendo entre elas uma camada de tecido ósseo esponjoso e de medula óssea Exemplos: esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escápula.

Revestindo o osso compacto na diáfise, existe uma delicada membrana - o periósteo - responsável pelo crescimento em espessura do osso e também pela consolidação dos ossos após fraturas (calo ósseo). As superfícies articulares são revestidas por cartilagem. Entre as epífises e a diáfise encontra-se um disco ou placa de cartilagem nos ossos em crescimento, tal disco é chamado de disco metafisário (ou epifisário) e é responsável pelo crescimento longitudinal do osso. O interior dos ossos é preenchido pela medula óssea, que, em parte é amarela, funcionando como depósito de lipídeos, e, no restante, é vermelha e gelatinosa, constituindo o local de formação das células do sangue, ou seja, de hematopoiese. O tecido hemopoiético é popularmente conhecido por "tutano". As maiores quantidades de tecido hematopoético estão nos ossos da bacia e no esterno. Nos ossos longos, a medula óssea vermelha é encontrada principalmente nas epífises.

Diferenças entre os ossos do esqueleto masculino e feminino: 



COMPRESSAS FRIAS/QUENTES/MISTAS

288437 compressas Compressas quentes, frias e mistas: entenda quando usar

A compressa feita com gelo é mais indicada em casos de traumatismos, ou seja, quando levamos uma pancada ou quando sofremos uma queda que leva a uma lesão do tipo fechada. Esses locais podem inchar (edema) e também apresentar coloração arroxeada, o que chamamos de hematomas. Exemplo,  quando alguém bate a cabeça, formando um galo. Ao colocarmos compressa fria o inchaço não aumentará e a dor diminuirá.

Quando a pancada for numa articulação a compressa fria ajuda a melhorar a movimentação do membro.
O gelo tem uma ação anestésica, por isso diminui a dor, o inchaço e o hematoma que aparecem no local. O ideal é utilizar a compressa fria em até 48 horas depois da pancada. Ela deve ser feita três vezes ao dia com duração de no máximo 10 minutos contínuos.

É muito importante lembrarmos que não se deve colocar o gelo diretamente sobre a pele, pois pode causar danos. O ideal é envolvermos os gelos em um pano, toalha ou plástico e assim colocarmos a compressa no local afetado.

Quando utilizar compressas quentes?

288437 compressas 1 Compressas quentes, frias e mistas: entenda quando usar

Já no caso das compressas quentes o objetivo é diferente das compressas frias. Ela deve ser feita depois de 48 horas do acontecimento da lesão. Funciona como uma segunda etapa do tratamento após a pancada. O calor da compressa aumenta a circulação do local melhorando a cicatrização e diminuindo a inflamação. Ao aumentarmos o aporte de sangue para o local do ferimento, aumentamos as células que fazem a reparação do tecido e com isso a recuperação se torna mais rápida.

Outra propriedade do calor é o fato dele relaxar a musculatura onde é aplicada a compressa, diminuindo a tensão e a dor. Esse tipo de terapia é mais indicado em caso de dores em músculos e juntas como artrites e em cólicas.

É importante lembrar que em caso de dores de dente o ideal é fazermos bochechos com água quente e não colocarmos as compressas pelo lado de fora do rosto, pois se houver infecção pode formar fistulas. As compressas do lado de fora “puxam” a infecção para o rosto.

Tome muito cuidado ao colocar a toalha em contato com a pele. Verifique se a temperatura não está alta demais, pois pode causar ferimentos. O ideal é que seja um calor confortável.

A forma de ser feita é a mesma que a da compressa fria, por dez minutos e duas a três vezes ao dia.

Quando fazer compressas mistas?

288437 quando usar compressa quente fria Compressas quentes, frias e mistas: entenda quando usar

Existe um tipo misto de terapia com compressas, que é mais indicado nos casos de cirurgias ortopédicas ou após a imobilização de membros (como quando utilizamos gesso por algum tempo). Essa fisioterapia é feita de forma alternada. Primeiro se coloca a compressa fria no local da lesão, deixa ali por alguns minutos e muda para compressa quente. Essa alternância funciona como uma bomba estimulando a circulação da região afetada, que normalmente se encontra mais lenta que o comum.
Uma forma de fazer as compressas é utilizando bolsas de água quente ou água fria. A vantagem de utilizar essas bolsas é que elas mantém a temperatura por mais tempo se comparado com as toalhas molhadas.

Dessa forma, procure a melhor opção sempre buscando orientação do seu médico.

ESPODILOARTROPATIAS JUVENIS


Espondiloartropatias juvenis 


INTRODUÇÃO 


As artrites idiopáticas juvenis (AIJ) constituem o segundo grupo mais comum de doenças reumáticas na infância e na adolescência em países subdesenvolvidos, onde a febre reumática tem uma prevalência muito grande, diferentemente dos países desenvolvidos, onde ela é rara e as AIJ constituem a principal causa de enfermidade neste grupo etário. A AIJ é uma artrite crônica de início em menores de 16 anos e que pode acometer uma ou várias articulações. Seu diagnóstico é eminentemente clínico, devendo ser excluídas enfermidades infecciosas, neoplásicas, hematológicas e outras doenças reumatológicas.

As espondiloartropatias juvenis (EAS) estão sendo reconhecidas e diagnosticadas com maior freqüência, sendo incluídas neste grupo a espondilite anquilosante juvenil (EAJ), a síndrome de Reiter e outras artrites reativas e as artropatias associadas às doenças inflamatórias intestinais(1). A maioria dessas enfermidades preenche os critérios para artrite associada a entesite da nova classificação das AIJ(2), já que entesite é uma manifestação freqüente destas enfermidades na faixa etária pediátrica (Tabela 1).




ESPONDILITE ANQUILOSANTE JUVENIL 

A espondilite anquilosante (EA) surge como o fim do espectro de uma doença cujo início é representado por síndromes constituídas por artrite periférica, comprometimento axial, entesopatia 

(acometimento das enteses, como será relatado adiante) e/ou manifestações extra-articulares, com ausência de anticorpo antinuclear (AAN) e fator reumatóide, mas com uma freqüência aumentada da presença do antígeno HLA B27(3). Uma das questões polêmicas na sua história natural é a porcentagem de crianças e adolescentes com estas queixas anteriores, muitas vezes vagas ou frustras, freqüentemente semelhantes a quadros de espondiloartropatias indiferenciadas, que evoluirão para EAJ. O acometimento articular periférico consiste, na maioria das vezes, em uma oligoartrite assimétrica envolvendo principalmente os membros inferiores. O acometimento axial é mais tardio, surgindo como uma lombalgia de características inflamatórias, ou seja, melhora com movimentos e piora com o repouso, além da sacroileíte, que se manifesta como dor na região glútea. As alterações radiológicas da EA geralmente não surgem na adolescência. Alterações laboratoriais como anemia normocítica, normo ou hipocrômica, leucocitose, trombocitose, aumento das proteínas de fase aguda e hipergamaglobulinemia estão associadas à atividade da doença(4,4A,5,5A).


ENTESOPATIA 

Entesite, ou seja, a inflamação das enteses, que são a parte final do tendão, que o liga aos ossos, ocorre principalmente nos membros inferiores: cabeças dos metatarsianos, base do quinto metatarsiano, inserção da fáscia plantar e do tendão-de-aquiles no calcâneo, tuberosidade anterior da tíbia, posições 10, 2 e 6h da patela, grande trocanter, sínfise pubiana, cristas ilíacas e espinha ilíaca ântero-superior. A limitação dos movimentos da coluna vertebral é avaliada pela realização plena ou não dos movimentos dos diferentes segmentos da coluna e pela aferição seqüencial da anteversoflexão da mesma (teste de Shober modificado para crianças)(6,7).

O tratamento medicamentoso inicial da entesite e da EAJ é feito com antiinflamatórios não-hormonais (AINH), a fim de suprimir a dor e a inflamação, permitindo, então, a realização de exercícios de fisioterapia. Mais freqüentemente utilizamos ácido acetilsalicílico (80-100mg/kg/dia em três a quatro tomadas), naproxeno (10-20mg/kg/dia em duas tomadas), ibuprofeno (20-40mg/kg/dia em três a quatro tomadas), mas é a indometacina (1-3mg/kg/dia em duas a quatro tomadas) que parece apresentar a melhor resposta nas espondiloartropatias. A sulfassalazina (SSZ) na dose de 40-60mg/kg/dia parece também ser boa opção para o tratamento da EA, embora não pareça atuar como droga modificadora de doença em relação à prevenção da anquilose de coluna vertebral ou de erosões articulares. O uso de corticosteróides por via oral, intra-articular, diretamente nas enteses ou tópico (uso oftalmológico) pode eventualmente se fazer necessário, assim como também poderá haver indicação de outras drogas imunossupressoras e agentes biológicos como os anti-TNF (infliximab e etanercept)(7A). Terapias física e ocupacional precoces são extremamente importantes na manutenção ou para a recuperação de movimentos, força muscular, boa postura, posição funcional das articulações envolvidas nesses pacientes. Não devemos esquecer o apoio psicossocial e educacional aos adolescentes e as suas famílias, além de uma orientação profissional.


DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL 

O comprometimento articular das doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa ou enterite regional) pode ser definido como uma artrite não-infecciosa, ocorrendo antes ou durante o seu curso em cerca de 20% dos casos(8). É considerada a manifestação sistêmica mais freqüente. Parece haver incidência maior nas crianças com doença mais extensa no tubo digestivo. O acometimento articular pode ser periférico ou axial, este último menos freqüente e usualmente relacionado à presença do antígeno HLA B27. Existe predominância do sexo masculino (4:1) nas formas com comprometimento axial, mas predomina o sexo feminino (1,2:1) nas formas que cursam com artrite periférica. Há associação familiar entre as doenças inflamatórias intestinais (DII) e as outras EAS. A sacroileíte pode ser assintomática, mas freqüentemente manifesta-se com dores na região glútea, podendo acompanhar-se de lombalgias inflamatórias e entesites. O acometimento axial não está relacionado à atividade da doença de base. O acometimento periférico geralmente se dá como uma oligoartrite assimétrica de membros inferiores de duração de quatro a oito semanas e que pode ter recorrência em surtos, geralmente associados à atividade da doença de base. Outras manifestações musculoesqueléticas abrangem poliartralgias, mialgias e osteoartropatia hipertrófica. As lesões mucocutâneas mais freqüentemente associadas às DII são as úlceras orais, o eritema nodoso e o pioderma gangrenoso, ligadas ao comprometimento articular periférico. Os sintomas gastrintestinais e constitucionais (diarréia, dor abdominal, perda de peso, fadiga, febre) costumam preceder o quadro articular em anos e, mais raramente, o acometimento é simultâneo ou precedido de artrite. Uveíte aguda ocorre raramente. O laboratório mostra anemia importante, hipoproteinemia, elevação das proteínas de fase aguda e fator reumatóide e AAN negativos. O controle da doença de base geralmente leva à melhora do quadro articular periférico, sendo indicado, pois, o uso de corticosteróide ou sulfassalazina. Eventualmente poderá ser usado um antiinflamatório não-hormonal (AINH), até ser dominada a inflamação intestinal. A indicação de colectomia associa-se à doença intestinal, e não à intenção de neutralizar o comprometimento articular. Como o comprometimento axial independe da atividade inflamatória intestinal, mesmo com o controle da doença base esses sintomas podem persistir, sendo então indicados AINH e terapia física(6,8).


ARTRITES REATIVAS 

Artrite reativa é aquela que ocorre, geralmente, uma a quatro semanas após a infecção sem que, no entanto, o agente responsável pela infecção inicial esteja presente nas articulações. Muitas vezes o organismo que iniciou o processo imunológico pode ser identificado, quer sorologicamente quer por culturas de secreções de órgãos inicialmente comprometidos. Eventualmente o comprometimento articular pode ser simultâneo ou mesmo preceder o quadro agudo de algumas doenças infecciosas. A denominação clássica de síndrome de Reiter (SR) é reservada para as artrites reativas que cursam com a tríade artrite, conjuntivite e uretrite, mas a tendência atual é chamar esses quadros apenas de artrites reativas. Como em adultos, existe uma predominância de casos no sexo masculino(6).

Na faixa etária pediátrica, as artrites reativas associam-se mais freqüentemente às infecções gastrointestinais por bactérias gram-negativas, como Salmonella typhimurium, Shigella flexneri, Campylobacter jejuni, Yersinia enterocolitica e Yersinia pseudotuberculosis(9). Artrites reativas relacionadas às doenças sexualmente transmissíveis (Chlamydia trachomatis, Mycoplama hominis, Ureaplasma urealiticum) são menos freqüentes em crianças, mas podem ser observadas nos adolescentes com vida sexual ativa. O quadro clínico articular é, em geral, agudo, muito doloroso, mas autolimitado, manifestando-se como uma oligoartrite assimétrica, principalmente de membros inferiores, e entesite. Algumas vezes o quadro articular pode ser recorrente ou persistente. O comprometimento axial, quando ocorre, pode manifestar-se inicialmente por conta de entesite na coluna, embora evolução como EA não costume ocorrer na infância, apenas mais tardiamente. O laboratório é inespecífico. A maioria das crianças responde bem aos AINH. Eventualmente, pode-se lançar mão de outras drogas como corticosteróides, sulfassalazina, metotrexato ou azatioprina. Não há evidências de que a antibioticoterapia em crianças, nos casos relacionados aos enteropatógenos, altere o curso e a evolução do quadro articular. Em adolescentes, em relação às doenças sexualmente transmissíveis, os antibióticos parecem alterar o quadro agudo das artrites reativas, mas não há dados sobre a sua influência no curso da doença a longo prazo. O curso das artrites reativas e da SR é usualmente autolimitado e o prognóstico, bom(9,10).


ARTRITE PSORIÁSICA 

A artrite psoriásica juvenil (APsJ), definida como artrite crônica, surge antes dos 16 anos de idade e está associada a lesões cutâneas de psoríase. Como às vezes o quadro articular pode anteceder em anos a psoríase, freqüentemente essas crianças recebem o diagnóstico errôneo de AIJ ou EAJ. Para facilitar a identificação precoce da doença, mesmo na ausência de lesões cutâneas, Southwood et al. (1989) propuseram critérios para o diagnóstico definitivo ou provável, que ficaram conhecidos como os critérios de Vancouver(11) (Tabela 2). Embora classicamente a APsJ esteja classificada no grupo das espondiloartropatias, atualmente é considerada uma entidade à parte, conforme visto na nova classificação das artrites idiopáticas da infância.




Os quadros de artrite psoriásica do adulto são subdivididos classicamente, pelo seu modo de início, em pauciarticular assimétrico (mais freqüente), artrite simétrica (semelhante à AR), artrite com predomínio do acometimento de interfalangianas distais (IFD), acometimento axial e artrite mutilante. As crianças e os adolescentes têm uma distribuição relativa semelhante à dos adultos, embora apresentem mais superposições em relação aos diferentes subtipos. A forma de início mais freqüente também é a pauciarticular assimétrica de grandes ou pequenas articulações que, no seu curso, vai tornar-se poliarticular na maioria das vezes. O tratamento consiste no uso de AINH, corticosteróides e/ou metotrexato, eventualmente sendo indicados outros imunossupressores(12).

ENTESITE

ENTESOPATIA 

Entesite, ou seja, a inflamação das enteses, que são a parte final do tendão, que o liga aos ossos, ocorre principalmente nos membros inferiores: cabeças dos metatarsianos, base do quinto metatarsiano, inserção da fáscia plantar e do tendão-de-aquiles no calcâneo, tuberosidade anterior da tíbia, posições 10, 2 e 6h da patela, grande trocanter, sínfise pubiana, cristas ilíacas e espinha ilíaca ântero-superior. A limitação dos movimentos da coluna vertebral é avaliada pela realização plena ou não dos movimentos dos diferentes segmentos da coluna e pela aferição seqüencial da anteversoflexão da mesma (teste de Shober modificado para crianças)(6,7).


O tratamento medicamentoso inicial da entesite e da EAJ é feito com antiinflamatórios não-hormonais (AINH), a fim de suprimir a dor e a inflamação, permitindo, então, a realização de exercícios de fisioterapia. Mais freqüentemente utilizamos ácido acetilsalicílico (80-100mg/kg/dia em três a quatro tomadas), naproxeno (10-20mg/kg/dia em duas tomadas), ibuprofeno (20-40mg/kg/dia em três a quatro tomadas), mas é a indometacina (1-3mg/kg/dia em duas a quatro tomadas) que parece apresentar a melhor resposta nas espondiloartropatias. A sulfassalazina (SSZ) na dose de 40-60mg/kg/dia parece também ser boa opção para o tratamento da EA, embora não pareça atuar como droga modificadora de doença em relação à prevenção da anquilose de coluna vertebral ou de erosões articulares. O uso de corticosteróides por via oral, intra-articular, diretamente nas enteses ou tópico (uso oftalmológico) pode eventualmente se fazer necessário, assim como também poderá haver indicação de outras drogas imunossupressoras e agentes biológicos como os anti-TNF (infliximab e etanercept)(7A). Terapias física e ocupacional precoces são extremamente importantes na manutenção ou para a recuperação de movimentos, força muscular, boa postura, posição funcional das articulações envolvidas nesses pacientes. Não devemos esquecer o apoio psicossocial e educacional aos adolescentes e as suas famílias, além de uma orientação profissional.


FASCITE


A Fascite Plantar e o Esporão do Calcâneo

Era uma vez uma dor que fincava, fisgava, ardia e latejava a planta do pé. O dono dessa dor, pacientemente se dirige a uma nova consulta levando consigo inúmeros exames, várias histórias de tentativas de tratamentos e muitas dúvidas sobre o que estará acontecendo com o seu pé.

A dor plantar calcaneana é uma das queixas mais comuns ouvidas pelos ortopedistas e especialistas em cirurgia do pé. A maioria dos pacientes são trabalhadores de meia idade, ativos e incomodados com a dor e o transtorno que ela traz em suas vidas diárias.

1. Quais as causas dessa dor plantar ?

Existe muitas alterações que podem ocasionar a dor plantar calcaneana. A lesão aguda por um trauma, o impacto repetitivo no esporte ou no trabalho, a atrofia e a diminuição da espessura da gordura plantar, infecções bacterianas e compressões de nervos ao nível do pé e tornozelo. A dor plantar também está relacionada com sobrepeso e obesidade, principalmente se este ganho de peso ocorreu abruptamente.

2. O que é Fascite Plantar ?

Fáscia plantar é o principal ligamento que percorre a planta e segura o arco do pé, como uma fita larga tensionada do calcanhar até os dedos.

A fascite plantar é um processo inflamatório doloroso na inserção da fáscia plantar junto ao calcâneo e sua evolução reflete um processo autolimitado, com resolução dos sintomas dentro de um ano, em média .

Esse processo inflamatório ocorre por estresse e microrrupturas na interface entre a fáscia e o osso calcaneano, a chamada êntese. As causas são variadas e algumas foram citadas acima. Nesse local forma-se um constante processo de cicatrização e lesão ao mesmo tempo.

3. Como é a dor da Fascite Plantar ?

A dor pode ser intensa, pontual como se um prego estivesse cravado ou algo estivesse sendo rasgado. Ela é maior ao levantar da cama pela manhã logo nos primeiros passos, melhorando com o passar do dia. Outras vezes, após permanecer muito tempo sentado, os primeiros passos podem acarretar dor forte.

4. E o Esporão do Calcâneo ?

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, esse osteófito (o chamado esporão) não é culpado pela dor. Ele simplesmente é uma calcificação interna de outra estrutura do pé, o tendão flexor curto do hálux.

O esporão não tem relação direta com a fáscia plantar e a sua direção é para anterior, isto é, ele aponta para frente do pé e não para a planta.

Cerca de 15 % das pessoas possuem o esporão do calcâneo e somente 50 % das pessoas que sofrem de dor plantar calcaneana apresentam o esporão.

5. Como é feito o diagnóstico de Fascite Plantar ?

O diagnóstico de fascite plantar é essencialmente clínico. A história detalhada do paciente, a caracterização da dor e
o exame físico do pé nos dão dados suficientes para o diagnóstico de fascite plantar

Alguns exames de imagem ajudam a excluir outras causas de dor calcaneana:

raio-x não revela a fascite plantar, mas pode nos mostrar cistos ou tumores ósseos do calcâneo, também mostra a calcificação do esporão, apesar de não ser ele o culpado pela dor.

ultrassonografia é um exame barato e pode mostrar espessamento e aumento de líquido ao redor da fáscia, caracterizando o processo inflamatório.

ressonância nuclear magnética é o melhor exame para visualizar a fasciíte plantar, porém não é necessária para o diagnóstico, além de ser extremamente cara.

6. Qual o tratamento para a Fascite Plantar ?

O tratamento da fascite plantar é essencialmente conservador, isto é, sem a necessidade de cirurgia ou métodos invasivos, e depende muito da atitude e perseverança do paciente.

medicação antiinflamatória pode ser usada para controlar a dor por curto período, melhorando parcialmente e temporariamente o sintoma por alguns dias.

Palmilhas moldadas ajudam a sustentar o arco do pé e distribuir melhor a carga, além de diminuir o impacto com o solo da região plantar afetada.

fisioterapia é a principal arma para tratar a fasciíte plantar. Ela deve ser realizada com freqüência e persistência. Um bom programa de alongamento da panturrilha e do pé é essencial, além da orientação fundamental ao paciente para realização desses exercícios diários em casa.



controle do peso corporal é importante e ajuda a diminuir o stress sobre a fáscia plantar, além de propiciar melhor condição física para realizar os exercícios fisioterápicos.

Pode ser utilizado uma órtese noturna ao nível da perna e do pé – “Night Splint” – para manter o alongamento da fáscia plantar e da musculatura posterior durante a noite. Essa órtese melhora consideravelmente a dor matinal, a forte dor que ocorre nos primeiros passos da manhã.



A infiltração é contra-indicada pela ocorrência de lesão mecânica da agulha e lesão química ocasionada pelo uso de corticóide diretamente no tendão da fáscia plantar, podendo ocorrer aumento da degeneração, ruptura e até mesmo infecção.

O tratamento através da utilização de ondas de choque vem sendo empregado em algumas clínicas. O custo do tratamento é elevado e não há ainda estudos que indicam a sua utilização em casos iniciais de dor plantar. Sua utilização foi aprovada pelo FDA americano somente em casos crônicos, onde a dor persiste após 6 meses a 1 ano de tratamento bem realizado e orientado, e tem uma variação de 50 a 80% de bons resultados.

cirurgia para liberação parcial da fáscia plantar (alongamento cirúrgico) cientificamente não traz nenhum benefício. Sua indicação é extremamente rara, somente para casos que não tiveram nenhum grau de alívio da dor após, pelo menos, 1 ano de tratamento conservador continuado e bem realizado.